quinta-feira, dezembro 13

Eu Quero Ser o Tempo


Eu queria traçar a vida como o tempo, mas ao mesmo tempo queria ser dona dele. Queria escrever a história em alguns casos em pause, mas cumprir metas em segundos. Queria que andassem no meu ritmo. Eu queria ser o tempo. Queria praguejar o compasso do meu “tic-tac” e ser referência nos encontros surpresas. Queria ser mais do que um objeto, queria ser uma pulseira de marcar tempo, e ao mesmo tempo sentir-me luxuosa, simples, bonita. Acima de tudo útil. Se eu fosse o tempo daria mais de mim ao sol, e quando me sentisse cansada daria mais de mim a noite. Seria uma inimiga da pressa nos dias de amor e uma amiga da velocidade dos dias de trabalho árduo. Seria mais simpática em relação ao clima e daria motivos para esperar mais para que a cerveja do copo esquentasse. Seria amiga do clima, teria um acordo, seria prática.
Quando me tornasse tempo faria meu compasso ser mais lento quando me sentisse mais e mais apaixonada, e quando visse a alegria de uma brincadeira de criança sentaria e esperaria com muito calma. O que me faltaria enquanto tempo, seria a pressa em casos que algo me fizesse feliz.
A única coisa, que jamais faria era voltar ao passado. Meu tempo seria bem articulado. Voltar traria saudades, e como “tempo” eu não traria nada de volta, apenas estaria onde parei.Eu seria o tempo. Poderia cumprir com a vida da forma mais doce, saborear em toques leves e calmos os mais nobres prazeres. Faria do gozo a sensação mais quente do ano e como troca, o mundo sentiria a cumplicidade de qualquer amor em qualquer ato, em qualquer momento. Eu seria o tempo que sempre parte, mas no ritmo que permitisse mais felicidade.

segunda-feira, dezembro 10

Diamante.

Os óculos refletiam a entrada da sala principal. Ela entra e se senta. Não é necessário dizer bom dia. O mais vistoso do homem que estava em posição poderosa do outro lado da mesa era seu anel. Seus dedos dedilhavam. Ela simplesmente estralava os dedos por debaixo da mesa.
Ele diz em tom quase imperceptível – trouxe? Vai quitar a divida velhota?
Não é preciso que se diga mais nada. Com fúria nos olhos ela lhe entrega o dinheiro em notas de 50. Simplesmente três maços. Ele sorri. Ela nunca marcou os traços do seu rosto. Um sorriso e anel de diamantes bastavam.
Ele faz sinal para que ela saísse. O dinheiro era tudo que ela teve em sua vida repleta de uma esperança indefinida. Não queria perder uma economia cultivada dentro do bule de café durante anos para aquele “anel”. Ela caminha até porta e ainda de costas só consegue dizer com toda convicção. – Agiota de merda!
Nunca tinha matado. Nunca tinha atirado. Nunca tinha gritado.
Aquele dia Matou. Roubou, fugiu e tropeçou no próprio orgulho.
No dia seguinte as notas dos jornais eram enfáticas – “Mulher sem piedade mata deputado e deixa família inconsolável” - O depoimento da viúva e de amigos demonstrava a “boa conduta” do deputado.
A mulher sentada em sua sala. Com uma tevê de 14 polegadas e segurando o cabo de sua antena nas mãos para que a imagem não ficasse destorcendo, acompanhou o jornal sentindo-se apenas uma secundária na história que ela mesma fizera acontecer. Na sua casa de dois cômodos, sem geladeira, fogão, sofá e luxo, sentiu-se mais acuada do que nunca. Seus vizinhos da Favela da Paz ficariam surpresos em saber que tudo que ela cultivara em anos de uma vida miserável em nome do filho que a abandonara, havia se transformado no sangue de uma das pessoas mais sujas que já conhecera. Hoje ele era a vitima. A mulher passara por esta mesma situação desde sua eleição. A morte nunca justificaria meios. Obviamente. Mas a vida, essa sim é cheia de informações equivocadas.
Quanto à sua condenação ouviu o delegado murmurar – Não passa de uma velha!
Não foi presa. Não é comentário de mídia. Não tem mais economias. Mas mantém como um filho sua tevê de 14 polegadas e aguarda com ansiedade a retrospectiva de final de ano da Globo pra saber se alguém fala de sua façanha. Mas sabemos que não...

sexta-feira, novembro 30

Codinome

Eu sou do tipo que nunca mandaria flores ou jóias
Que se debulha em lágrimas mesmo quando ri
E quando vejo a moça de saia rodada, fico sem jeito de sorrir
Eu sou aquele cujo nome não importa
Cujo tempo não segura
Cuja brisa é espontânea
Sou aquele que se apaixona a toda hora
Que almoça com a Vera
E janta com a Soraia
Mas que prefere café preto de manhã pra combinar com a solidão
Mas eu vi aquela estrela que de leve brilhava
Eu vi as jabuticabas no olhar
Eu vi o sorriso discreto se esconder
Ela é do tipo que adoraria flores
Que me levaria a emendar o almoço com jantar
Ficaria linda a bailar
A saia nunca seria tão rodada.
E o tempo parava ali
Não era preciso mais nada.
Por ela, eu juro...
Meu café, meu vicioso café, seria todo pra ela.

segunda-feira, novembro 19

Só Pra Constar


Presta atenção
Não se soma quando se é divisel
Não se deixa quando se é amigo
Não se ama quando não é recíproco



Que tudo o que é mais poético cai bem na vida
Que toda canção mais simples se imita


Canta
Quando não sentir certeza no que diz
Que todo o sorriso é feito de sentimento em raíz
Que todo medo é feito de um sonho imperfeito


Mas eu sei,
Que mesmo que eu conte de todas as formas como eu vejo a vida
E que para o mundo eu posso ser somente mais uma "titica"
Ainda sim, eu vivo bem
Diante de quem vive e complica.
E da arte vamos inventando a vida.

terça-feira, outubro 23

O Buraco do Espelho Não Está Mais Tão fechado.


Acredite se quiser, mas o cinema nacional tem uma veia alternativa que o torna único e envolvente, distante das grandes produções Hollywoodianas e dos orçamentos extravagantes. A arte pela arte, com a procura da essência envolvendo toda e qualquer ousadia, está é a idéia principal do cinema alternativo, beirando o não convencional e envolvente caso de relatar o sentimento, a realidade e o drama da forma mais particular possível de forma a expandir outras idéias e formas de comunicação.
Não são necessários meses de filmagem, uma fotografia detalhada ou até mesmo efeitos ao caráter de Matrix, por exemplo, na verdade o cinema alternativo surge com o intuito particular de quebrar barreiras antes impostas pelo cinema internacional, principalmente o americano, que trata o desenvolvimento de filmes como um mercado capitalista cada vez mais lucrativo com produções em séries, que nem sempre se preocupam com a qualidade em questão – é tudo uma denominação visual e pouco critica, com a intenção de produzir cada vez mais rápido e com tecnologias avançadas – são as consideradas fórmulas prontas e “alienatórias” do mercado cinematográfico.
De uns anos para cá, é possível se acompanhar um progresso indiscutível em relação ao Brasil no mercado cinematográfico, não só em relação á demanda de filmes produzidos, mas também a uma aceitação maior em relação ao público, isso torna mais acessível o desenvolvimento de novos talentos e uma abertura maior no mercado, que durante muito tempo era centralizado, ou seja, existiam as famosas “panelinhas” fincadas.
Ainda sobre o cinema alternativo, podemos citar como um exemplo perfeitamente cabível o filme O Prisioneiro da Grade de Ferro, onde a forma como foi filmado, a forma de diálogo com a trilha sonora, organização das cenas capturadas (que foram filmadas de acordo com a visão dos prisioneiros que puderam ter uma câmera nas mãos para filmarem um dia no cárcere em que estavam presos), e o entendimento de que nenhuma cena é levada para o caráter ingênuo, pois as filmagens foram desencadeadas de acordo com o sentimento de casa presidiário que participou ativamente do filme e também com a sensibilidade do diretor. Essa estrutura adotada pelo diretor Paulo Sacramento, mostra um novo parâmetro cinematográfico, e uma visão diferenciada em relação ao cinema convencional, com um orçamento inferior ao que se costuma disponibilizar no mercado, mas que resultou em uma obra única e envolvida pelo entendimento visionário de um estilo mais artesanal e sensível, o que resultou em sua premiação no festival Opera Prima de Los Angeles.
Saindo um pouco somente da visão nacional, o cinema alternativo internacional também merece um mérito diante de grandes obras implacáveis como Trainpottinig, Madalene, Laranja mecânica, Corra Lola Corra, entre outros que procuram reunir uma estética diferenciada do convencional se apegando ao surpreendente e ao custo não tão extravagante.
O cinema no Brasil, principalmente no conceito alternativo ainda tem muito que evoluir, principalmente no que diz respeito ao preconceito existente por parte do público que ainda se apega muito ao cinema americano com suas fórmulas já bem aceitas no mercado. É necessário que se mude esse conceito para que haja uma aceitação maior, mesmo porque muitas pessoas não têm a oportunidade de conhecer a essência real que o cinema nacional prega, sendo que seu perfil e sua realidade são apegados a outros quesitos. Cinema é algo que se absorve na educação, na rua, entre amigos e na cultura em geral – diante disso torna-se possível acreditar que o buraco do espelho não permanece fechado, ainda existe a oportunidade de se expor às idéias e as convecções perante a arte cinematográfica e suas mais variadas formas.


Ass. Uma apaixonada por cinema...

segunda-feira, outubro 15

Megafoneambulantesocial



Caiu como um peixe caído do aquário
Pedindo socorro
Como um andarilho sem sapato
Carapuça na cintura
Suicida ambulante
Foto 3x4
Documento sem cadastro
Nome na lama e mal lavado
Dor de dente persistente
Bicho ranzinza social
Bebeu água de piscina pra depois se sentir mal
Transgredindo da carniça
Socorro é a policia?
Caos ao meio dia
Contra e a favor
Do fluxo da ousadia
Rampa de concreto
Cheiro de esgoto
Versátil confusão
A voz e a ocasião
Queremos solução
E ele, só quer liberdade de irmão
Liberdade meu irmão!
Liberdade de expressão

sexta-feira, agosto 24

Em Pauta

E quando me falam das canções que já ninguém mais ouve no rádio. Quando a escutam os olhos brilham, voltam lembranças, um singelo riso solitário no canto dos lábios. Um devaneio particular. Meu pai nunca fumou charutos e não tenho um retrato muito firme na mente sobre as suas manias. A música tocava apenas.
Lembro que quando corríamos em disparada eu sempre ganhava porque não tinha medo de pisar descalça no chão. Os adultos pensam demais nas conseqüências. Para crianças apenas correr basta, mesmo que lhe entrem cacos, bichos ou gravetos nos pés. Ele também nunca me obrigou a comer legumes mas nunca disse que eu não os deveria comer. Eu os devorava, queria que ele sentisse orgulho. Imagina que glória, ele falando aos mais chegados que a menina mais velha comia todos os legumes como uma mulher de verdade.
Ele me cobrava horários e eu falava em códigos com os amigos da janela que não poderia mais sair - tinha que tomar banho, escovar os dentes, comer e dormir. Ele dormia antes e eu corria até o portão pra me despedir.
Era fiel ás suas teorias, eu não sabia que ele poderia saber mentir também. Achei que só as pessoinhas da minha idade saberiam realmente inventar histórias pra poder fugir das broncas e dos apuros.
Ele ficou mais velho também nos últimos cinco anos assim como eu. Os olhos dele as vezes parecem lembrar as sutis energias do passado, pena que os meus preferem cultivar sutilezas para o futuro e isso não inclui mais ele.
É que parece que depois do ultimo tapa na cara você aprende a ser tão egoísta quanto foram com você.
Ano que vem eu me formo.
Depois eu me caso.
Vou viajar.
E eu cheguei até aqui. Ainda bem que eu nunca tive medo de machucar os pés nos gravetos...nos cacos...eu sempre corri mais rápido justamente por causa disso.
Parece que não mas a gente carrega dentro do peito muita coisa que nem sabe direito pra que serve e porque tá guardando.
Esses dias depois do meu aniversário fiquei fazendo pautas do que já me fez bem. Descobri que dentro de mim ainda mora aquele beijo que eu nunca vou esquecer, um sorriso que eu nem sabia que tinha visto, uma piada sem graça mas que rendeu comentários, um amigo que já me encontra na rua e apenas sorri de longe, o porre mais desnecessário, novos e velhos vicios, cansaços, dores de cutuvelo, e etc.
Tô partindo pra outros rumos. Cansei da antiga rotina, dos comentários que caracteristica demodê e toda aquela chatice.
Não preciso de mais do que já tenho e além daquilo que eu pretendo. É isso.
São 22 anos...como um amigo sempre me diz:
"É o que tem pra hoje" Mas amanhã...

segunda-feira, julho 23

Isso não é um Texto!

Não! Isso não se trata de um texto.
Não trabalho com mensagens metalingüísticas e muito menos questionadoras.
Não trabalho, não faço dinheiro... Eu não tenho dinheiro.
Não falo da imprensa que se colore de vermelho, muito menos da possibilidade de saneamento básico. Esse texto também não fala sobre amor, vermes ou substancia tóxica.
Isso não é um texto.
Isso também não são palavras e muito menos linhas que se formam com a soma de palavras, que por fim deveriam formar parágrafos para quem sabe formar textos...mas isso não é um texto!
Isso não fala de lembranças, de saudades e muito menos de medos.
Isso não é um relato.
Não mandaram o homem pra lua, não curaram o câncer também. Não fizeram refrigerante Diet e não destruíram a esperança no Iraque. O Iraque não existe!
Isso não é uma nota.
Não existe mar. Não fizeram à água e muito menos o sal. Fizeram as geleiras. Derreteu.
Isso não é um prólogo.
Talvez seja um golpe, mas no fundo também não o é.
Isso não é poema.
Mesmo que casa rime com asa. Não temos asas e nem tinta fresca. Não temos imaginação.
Não temos teto e muito menos microondas. Não existem ondas.
Isso não é um roteiro.
Isso não tem começo.
Isso não tem cheiro. Não há perfumes e muito menos fedor. O ralo não fede. A cozinha não tem comida e portanto não tem cheiro de carne assada ou repolho refogado.
Isso não é verdade.
E também não é mentira.
Isso não é real.
Isso não tem sonho e nem idéia.
Isso não tem explicação e só pra lembrar... Isso fica fora de sentido.
Isso não tem porque e muito menos fim.
Isso não é fim.

quarta-feira, julho 4

"De repente. Repente"

Por mais que as coisas se quebrem
Mudar não custa nada
Mesmo tudo aquilo que assusta
Convém o risco que corre
Quanto mais se alimenta a conquista
Mas vale um beijo na boca
Quanto mais a malandragem sustenta
Mais o egoísmo assombra
Quanto mais a fome atormenta
Mais o sono se perde
Quanto mais o tempo derruba
Mais a demora percorre
Quanto mais se pensa no medo
Mais do mesmo se sente
Mesmo que seja tarde
Ainda dá tempo.
E mesmo que tudo não volte
Ainda existe aquele recomeço
E de todas as sombras do dia
Você se torna a menos escura
E de todas as formas de vida
É possível encontrar um ponto de tudo
De tudo
De tu-do.

segunda-feira, julho 2

Ponto de ônibus


São 03h da madrugada. Ninguém na rua. Ponto de ônibos perto do puteiro.
São 03h15 da matina e o ônibus não vem.
Eu podia caminhar até o outro ponto e pegar aquele outro que dá uma volta tremenda.
Eu podia ficar aqui e esperar, porque se eu for pra lá ele aqui pode passar.
Mas ficar aqui também esperando é um saco.
(...)
Outro dia eu peguei aquele que dá uma volta tremenda. Mas foi no outro dia.
Se eu sair daqui desse ponto esse pode passar, e o outro demorar mais ainda.
Mas ficar aqui esperando é um saco também.
E se quanto mais eu espero menos eu vou esperar porque não vou esperar com a incerteza de esperar nada, certo?
Bonito isso que eu disse agora... "quanto mais eu espero menos eu vou esperar "...bonito mesmo. e foi eu quem disse isso mesmo?
O busão não vem...
será que no outro ponto mais longe já passou aquele que dá uma volta tremenda?
Não...melhor eu ficar aqui. Se eu já esperei bastante é porque falta menos pra esperar...
O outro pára longe de casa também. Eu teria que subir aquela rua lá...e tal...
(...)
O saco é esse poste com a luz piscando...
Olha! Aquilo era um rato saindo do bueiro? Que nojo...
E o busão ainda não veio...
(coçando o queixo)
Vou pro outro ponto... talvez eu espere menos do mais que já esperei aqui né?
"vrrrrrrrrrrrrrummmmmmm"
Ih droga...não é que passou!?
Vou ficar nesse mesmo, vai que passa outro logo...



"Se eu já esperei bastante é porque falta menos pra esperar..."

sexta-feira, junho 8

Cabeça de Vento

Eu ando "diiiiiiiisssstraida". Sempre andei olhando pra cima, não por ser esnobe, mas sim porque eu tenho necessidade de saber o que tá acontencendo em cima da minha cabeça. Isso se aplica a pombos, nuvens e mania de sonhar acordada. Aqules prédios altos do centro, toda aquela parafernária infernal. Eu acho lindo!
Daí o moço sentado na porta do metrô faz:
- Psiu! Um dia a gente vai tudinho pra lá!
Eu não entendo. E ele denovo!
- Psiu. Pro céu mesmo.
Como ele pode afirmar que o céu é nosso paradeiro? Ignoro.
E ele pega um livro velho, encosta naquela carrocinha velha e diz.
-Teu futuro sim vai ser melhor que o meu, você anda sonhando. Todo mundo é rei ou rainha. Só que não faz que nem você!
Eu pergunto como assim.
- Você olha pro céu e pisa na gente aqui do chão sem querer. A maioria pisa por que tá procurando a majestade!
Fiquei sem ação; Paguei-lhe um cachorro quente e desejei boa sorte.

quinta-feira, maio 31

Quanto Vale Um Sorriso?

Quanto vale o sorriso da vitrine?
Desculpe... esse ja foi vendido para a apresentadora de uma emissora importante da TV.
Não tem mais nenhum sorriso?
Os que eu tenho eu acredito que não seja possivel o senhor pagar. Desculpe.
Nada que corresponda mais ou menos com o meu perfil?
Eu tenho alguns de segunda mão. Gostaria de ver?
Bom...por curiosidade acho que não me faria mal!
Este é um sorriso timido, custa um pouco abaixo da tabela e já foi usado pelo filho de um importante empresário.
Este era usado por um deputado, chamamos de sorriso hipócrita!
Temos esse também da Dona de casa que apareceu no programa de domingo de uma emissora chamamos de sorriso "Teatral".
Temos esse que foi deixado em um brechó!
E Amarelo? Amarelo... você teria em liquidação?
Sorrisos falsos e amarelos são apenas para os famosos mais pop's. Está em falta!
Nada que eu possa usar nas ruas moço?
Faça como as outras pessoas!
Como?
Não sorria...


"...E o palhaço tirou a maquiagem..."

segunda-feira, maio 14

"Cada Pedaço Infernal de Mim"



Nas entrelinhas sim, uma ponta de crueldade e otimismo. Da alvura do homem ali está um pouco da avidez comida pelo bicho. Não digo que andarás entre as entrelinhas por toda a tua vida, mas permanecerá pequeno enquanto pessoa sem fundamento. Disse certo dia, um menino andarilho que jamais seria um abandonado urbano e sim um cavaleiro andante. Assim ele morreria, acreditando nas suas mais fabulosas aventuras entre os becos de saídas escuras. São tortas as ruas em que pisam os favelados, e o cheiro de carne que vem de longe desperta aquele conhecido “tuim” nos ouvidos e ajuda a mudar a cor dos objetos mais distantes.
Seria eu a pessoa mais longe da veracidade dos cavaleiros andantes então?
Seria eu humana a tal ponto de me esquivar da moradia dos pobres e talvez a mais miserável em lhes atirar moedas. Faço um ato de melodia acústica na terra e me consideraria abençoada por Deus.
Na minha moradia as moedas por muito tempo eram esquecidas nas quinas nas janelas, e quando as lancei ao mundo me senti uma boa samaritana.
Os cavaleiros de hoje não se apresentam mais com sua vistosa pompa. Os cavaleiros andantes hoje andam atrás de si mesmos. Eu por minha vez, como nobre donzela esqueci o véu e o pai nosso de cada dia, e dos meus pecados quem cuida são os desgraçados. Agora, nessas duras entrelinhas que vão se apagando pouco a pouco, vou me tornando "cada pedaço infernal de mim"¹. Não são eles pobres coitados (...) Posso jurar que não!



Paula Barboni



¹ Frase por Clarice Linspector

quarta-feira, abril 25

Dialogos do Dia - a - Perda de Tempo" - Dia.


Ela diz alô.
Ele esbraveja um " pois não!?".
Ela insiste.
Ele suspira.
Ela se irrita, grita, fala baixarias, agride a mãe e o cachorro.
Ele funga.
Ela pergunta porque.
Ele arranha a garganta.
Ela ameaça.
Ele pede paciência.
Ela chora.
Ele pede paciência.
Ela ameaça desligar.
Ele tenta disfarçar o sorriso
Ela diz que a culpa é dele.
Ele diz assim que possivel a situação será normalizada. Pede calma.
Ela desiste e diz adeus para sempre. Diz que se desligará de tudo aquilo
(...)
Ele simplesmente responde:
- A central de cartões de crédito agradece a sua ligação.

quinta-feira, março 8

159 Infinitas Mulheres

Minha mãe já dizia desde que eu era pequena que não era fácil ser mulher.As nossas dores vão muito além de qualquer sintoma físico, e somos uma ambulante emoção que nunca será traduzida através de palavras. "As mulheres são difíceis de entender..." Será essa a melhor afirmação?Na verdade são os sentimentos que não têm tradução - É necessário ser muito sensível, forte, determinada, autêntica para se ser mulher. É necessário suportar dores para se ter o prazer de ser mãe, acalmar os ânimos do lar, sonhar acordada, pegar no batente, lutar por direitos, honra e respeito. Nesse mesmo dia, 08 de março do ano de 1857, 159 mulheres operárias de uma fábrica têxtil, se uniram perante o mesmo desejo - O DE SER LIVRE, O DE TER DIREITOS DE PODER EXERCER SUA CIDADANIA COM DIGNIDADE. A 150 anos foi o inicio de uma revolução que de inicio era particular. Depois ganhou um grupo de amigas. Tomou uma cidade. Conquistou metrópoles. Expandiu-se pelo país e ganhou o mundo invadindo a consciência de mães, irmãs, esposas, tias, vizinhas, amigas, etc. Essas 159 mulheres em greve foram trancadas dentro da fábrica por seus patrões que incendiaram todo o local. Sim, os valores mudaram, os desejos e até mesmo as conquistas ganharam uma distorção com o progresso. Mas ainda existem desejos e vontades a seres conquistados, ainda existem mulheres que um dia não abaixarão a cabeça diante do abuso, da violência da miséria, da injustiça, da desigualdade... São todas elas Marias, Terezas, Joanas, Imaculadas e Rainhas. São todas elas Mães, padroeiras, escravas e donas de casa. São todas elas lindas, práticas, organizadas e simples. São elas mulheres índias, brancas, negras, gregas. São todas elas Deusas de seus lares e ofícios. Hoje não é um dia que você deve se virar para a mulher que mais ame nesse mundo e lhe desejar simplesmente parabéns. Seria muito mais humano que na verdade não existisse um dia especifico para isso, mas como uma sociedade assumidamente desequilibrada, devemos parar nem que seja um minuto e chorar, sorrir, pensar e tentar sentir com qualquer sentimento que lhe seja possível como tantas mulheres já sofreram, já foram maltratadas, já perderam seus filhos diante da crueldade do mundo...Hoje é mais um dia que devemos por a mão na cabeça e pensar até quando...E porque foi e é assim por tanto tempo!




Paula Barboni.

quinta-feira, março 1

Bernard Não Pode Esperar.


Aquilo, isso, ou aquilo outro. Tanto faz! Está na luta para que então meu camarada? Pra servir de isca aos peixes? Para lhe usarem como cobaia viva? Oras, oras...
Assuma a tua responsabilidade ou rua!
Desisti de questionar e voltei á minha mesa, prancheta e café. O que se faz quando não se tem idéia? Sou genial, fui tachado assim até hoje. Quem comeu as minhas idéias. Sinto-me um saco vazio. Nem todas essas olheras compensam a minha estupidez! Seria falta de cálcio? Tenho 24horas... 24! Posso ser genial em 24 horas!
Liguei em casa e expliquei para a minha esposa que havia pegado trânsito. Ela acreditou. Isso é genial não é? Inventei uma história fantástica, descrevi a cena do engarrafamento em detalhes. Ela se comoveu e prometeu me esperar para a janta. Avisei que era melhor não – Campeão!Desce mais uma loira trincando por caridade!
Eu criei o slogan da empresa. O “dingle”. O cartão de apresentação. Criei frases e cartazes. Criei as maçanetas da porta do chefe. Na verdade eu mesmo batizei o cachorro do chefe de Bernard quando filhote e o levo para passear até hoje. Isso já faz 9 anos. Nunca fiquei sem idéias em toda minha vida. – Campeão! Põe na conta!
Resolvi caminhar mais um pouco, para todos os efeito o engarrafamento está a meu favor! Comecei a prestar atenção em todos os camelôs que agora não eram mais artifícios das calçadas do centro, mas sim do meio da rua. Idéias boas, rimas inteligentes, chamadas e promoções tentadoras. Um inferno!
Pensei em demissão, em suborno, em mais tempo, no dinheiro e no meu carro. Desemprego acarreta venda de carro, o que fez eu parar de pensar e pegar um cigarro para tentar maquinar algo genial, já que agora o meu tempo já não era mais por volta de 24 horas. Voltei pra casa.
- Com fome, querido?
- Depende! Você seria capaz de criar um produto revolucionário em alguns minutos?
Ela ajeitou o cabelo e deu as costas – Seu cartão de créditos estourou mais uma vez esse mês.
Quem precisa de ajuda? Eu? Claro que não...Ainda posso ser genial. Ta certo que o sol lá fora já nasceu e eu já tomei toda a garrafa de café. Comi três lápis e mastiguei uma lapiseira. Ta certo que eu odeio o meu emprego! (...).
- Trouxe o projeto?
- Sim, aí está?
- Ótimo!! Está atrasado sabia?
- Eu sei senhor mas...
- Bernard está latindo como um louco e inquieto. Na volta do passeio me traga um lanche, A propósito, vou mencionar na reunião que o seu projeto teve atraso devido á um acesso alérgico, para não perdermos o cliente. (...) Já disse que estava atrasado para o passeio com Bernard?
- Um bom dia senhor... (suspiro)

sexta-feira, fevereiro 23

Vermelho

...M
udando de assunto doutora, hoje em dia o que mais me agrada é a cor vermelha. Ao contrário do passado, ela agora me chama uma atenção quase que hipnotizante. Gosto da sua blusa vermelha realça o tom de sua pele e de alguma forma brinca com os seus olhos que se declaram extremamente curiosos pelo o que eu lhe contei.A psicóloga de repente sentia que havia sido resgatada de um transe. Tinha feito uma pequena viagem ao passado daquele homem curiosamente sinistro. Olhou apressada no seu relógio e declarou o fim da sessão com certa ingenuidade. Acabar a sessão? Acho que ela não havia entendido bem o sentido de toda aquela reunião particular, e deixou isso explicito quando se ergueu da cadeira com a intenção de estender sua mão ao seu paciente. João permanecia na mesma posição em que estava anteriormente, mantendo seu olhar fixo no dela com o rosto apoiado na mão direita e com o braço esquerdo sobre a perna. Sorriu discretamente e pediu que ela se sentasse novamente e sugeriu que pedisse um café para ele. João não tinha pressa.
- Desculpe, mas a sessão dura somente 45 minutos João e eu não posso lhe dar essa regalia sendo que...(interrupção)
- Não se preocupe doutora porque não é regalia. Homens que matam não querem necessariamente regalias. E no meu caso, como você mesma viu, desde pequeno eu não era acostumado a esse tipo de coisa. O fato é – você senta, escuta e decifra a minha mente, e eu por meu lado brinco com o seu psicológico. Não vai durar mais do que algumas horas. A propósito, eu já lhe disse como você fica bem com esse tom de vermelho da sua blusa? Gosto de vermelho, realmente gosto...
- Você deve estar de brincadeira comigo?? Desculpe mas o seu horário já estourou e..(interrupção)
- Minha primeira vitima, ou melhor, minha primeira paixão foi aos 14 anos de idade. Eu ainda vislumbrava muito sobre as mulheres e esperava de todas elas o mesmo temperamento de minha irmã. Mesmo depois de anos, a compreensão e delicadeza de sua personalidade eram considerados por mim como critérios de perfeição que deveriam estar contidos em qualquer mulher. Claro que com esse pensamento eu nunca fui muito longe com o sexo feminino, o que me tornou o ultimo garoto na lista de qualquer menina atraente do colégio. Conheci Sarah no primeiro dia de aula da oitava série e fui o primeiro a e aproximar dela, que visivelmente era aluna nova no colégio. A doutora deve se lembrar bem da época de colégio onde os grupos de amigos eram bem sólidos, pessoas novas tinham uma certa dificuldade para se “enturmar” . Me apaixonei logo nas primeiras semanas, passamos a dividir quase todo nosso tempo juntos. Meu primeiro beijo foi com ela doutora! Sofri muito depois do ocorrido...
- Que ocorrido? - A psicóloga já havia se sentado novamente em sua cadeira. Naquele momento a questão paciente-psicólogo, já não existia mais e ela já aceitava sua condição tremula e ofegantes, mas ao mesmo tempo sentia tinha que ouvir tudo aquilo com todos os detalhes que tivesse direito.
- Eu nunca a tocaria além do nosso beijo. Era perfeita demais doutora! Uma criatura sagrada no meu ver. De alguma forma ela queria mais que beijos em uma tarde que passávamos juntos. Até hoje me pergunto o porque. Não suportei a inquietação do desejo, mesmo porque eu relutaria sempre, mas ela não. Ela parecia possuída, entregue ao maldito prazer da carne.(...) Eu lhe dei o que ela queria, mas, no entanto lhe dei também a punição que ela merecia. Está me entendendo Doutora? ...

Trecho do conto Vermelho - em Breve em curta Metragem!
Salve Tomatti, parceiro de Boêmia e de crime!

segunda-feira, fevereiro 19

Fome, Sede, Alivio...

Ando com muita fome.
Fome de comer mãos, dedos e letras.
Fome de comer vicios e de arrotar virtudes.
Fome de me empanturrar de idéias e digerir o dom.
Mas minhas vontades nunca passam, porque com a morte da fome, vem a sede.
Com a morte da sede vem o sono.
Com a morte da vida vem o depois.
E eu nunca mato o mal que depois de feito me faz tão bem.
Mas quando parece que a vida fica mais leve, do nada e de repente.
eu me lembro que assim eu amanheço feliz.
Porque o meu sorriso nunca é pra você meu amigo.
É pra mim e pro futuro
Se eu te contagiei foi mero acaso.
Foi mero equivoco...
Foi mera fome de vantagem.
Mas na verdade, nem explico o porque
Na verdade eu nasco todo dia
Assim como as abacateiras, laranjeiras e amoreiras.
E por mais discreto que pareça, elas também têm fome.


Covardia me cobrarem textos...rs
Estou em fase de criação, aguardem...

quinta-feira, janeiro 4

Lá na rua...

Ambrósio não tem dentes e mora na esquina da rua longa do último quarteirão paralelo à avenida comercial. Por não ter dentes ele evita de sorrir mas é um bom contador de histórias. É timido e apaixonado pela tal da Vera.
Vera é casada com o tal do Pedrão e apanha do bendito, fica calada quando sai na rua, e quando se encontra com o tal do Ambrósio finge que não viu - homem sem dente é pior que marido brutamontes!
O Pedrão, o tal do marido brutamontes é metido a valentão, tem mulher até em cima da árvore mas adora se vestir de perua, tem vergonha das orelhas de abano, mas não tem vergonha de colocar brincos de argola e sorrir na frente do espelho.
Esses dias teve um baita de um barraco coma Dona Tita e seu Páscoal. Me parece que o pinheiro da Dona Tita tá de raiz até a cozinha do Seu Páscoal, qualquer dia a casa dele fica em duas partes, ou a cabeça dela, existem rumores de ameaças de vassouradas! Dona Tita não corta o pinheiro porque diz ser herança de familia
Coitada mesmo é da moça do outro lado da rua que chegou a pouco tempo no bairro,nem sabe o tipinho de vizinhança que arrumou.
Mas a senhora é neutra nesta história dona Amélia??Afinal sabe da vida de todo mundo...mas e a sua??
Minha o que??(...)