...Mudando de assunto doutora, hoje em dia o que mais me agrada é a cor vermelha. Ao contrário do passado, ela agora me chama uma atenção quase que hipnotizante. Gosto da sua blusa vermelha realça o tom de sua pele e de alguma forma brinca com os seus olhos que se declaram extremamente curiosos pelo o que eu lhe contei.A psicóloga de repente sentia que havia sido resgatada de um transe. Tinha feito uma pequena viagem ao passado daquele homem curiosamente sinistro. Olhou apressada no seu relógio e declarou o fim da sessão com certa ingenuidade. Acabar a sessão? Acho que ela não havia entendido bem o sentido de toda aquela reunião particular, e deixou isso explicito quando se ergueu da cadeira com a intenção de estender sua mão ao seu paciente. João permanecia na mesma posição em que estava anteriormente, mantendo seu olhar fixo no dela com o rosto apoiado na mão direita e com o braço esquerdo sobre a perna. Sorriu discretamente e pediu que ela se sentasse novamente e sugeriu que pedisse um café para ele. João não tinha pressa.
- Desculpe, mas a sessão dura somente 45 minutos João e eu não posso lhe dar essa regalia sendo que...(interrupção)
- Não se preocupe doutora porque não é regalia. Homens que matam não querem necessariamente regalias. E no meu caso, como você mesma viu, desde pequeno eu não era acostumado a esse tipo de coisa. O fato é – você senta, escuta e decifra a minha mente, e eu por meu lado brinco com o seu psicológico. Não vai durar mais do que algumas horas. A propósito, eu já lhe disse como você fica bem com esse tom de vermelho da sua blusa? Gosto de vermelho, realmente gosto...
- Você deve estar de brincadeira comigo?? Desculpe mas o seu horário já estourou e..(interrupção)
- Minha primeira vitima, ou melhor, minha primeira paixão foi aos 14 anos de idade. Eu ainda vislumbrava muito sobre as mulheres e esperava de todas elas o mesmo temperamento de minha irmã. Mesmo depois de anos, a compreensão e delicadeza de sua personalidade eram considerados por mim como critérios de perfeição que deveriam estar contidos em qualquer mulher. Claro que com esse pensamento eu nunca fui muito longe com o sexo feminino, o que me tornou o ultimo garoto na lista de qualquer menina atraente do colégio. Conheci Sarah no primeiro dia de aula da oitava série e fui o primeiro a e aproximar dela, que visivelmente era aluna nova no colégio. A doutora deve se lembrar bem da época de colégio onde os grupos de amigos eram bem sólidos, pessoas novas tinham uma certa dificuldade para se “enturmar” . Me apaixonei logo nas primeiras semanas, passamos a dividir quase todo nosso tempo juntos. Meu primeiro beijo foi com ela doutora! Sofri muito depois do ocorrido...
- Que ocorrido? - A psicóloga já havia se sentado novamente em sua cadeira. Naquele momento a questão paciente-psicólogo, já não existia mais e ela já aceitava sua condição tremula e ofegantes, mas ao mesmo tempo sentia tinha que ouvir tudo aquilo com todos os detalhes que tivesse direito.
- Eu nunca a tocaria além do nosso beijo. Era perfeita demais doutora! Uma criatura sagrada no meu ver. De alguma forma ela queria mais que beijos em uma tarde que passávamos juntos. Até hoje me pergunto o porque. Não suportei a inquietação do desejo, mesmo porque eu relutaria sempre, mas ela não. Ela parecia possuída, entregue ao maldito prazer da carne.(...) Eu lhe dei o que ela queria, mas, no entanto lhe dei também a punição que ela merecia. Está me entendendo Doutora? ...
Trecho do conto Vermelho - em Breve em curta Metragem!
Salve Tomatti, parceiro de Boêmia e de crime!