quarta-feira, março 12

Do Além...


Nunca me proibiram de sonhar. Eu fui além. Sou o estado do delírio, da fome e do futuro. Sou o presente do grito e a razão mínima e máxima do que acredito, penso e falo.
Eu fui o cinema gritante, a política utópica. Eu fui um peixe dentro e fora do aquário.
Todos aqueles que por instantes, se disseram cineastas, poucos me convenceram, muitos cuspiram no antigo-cinema-novo. E eu respirei fundo, tão fundo que quase fiquei bronco (irônico).
Fiz careta á burguesia, e brinquei com a história popular, que amei como quem ama a sua própria história – ela também era minha, era sua e nossa.
Disparei palavras disparadas unicamente à revolução e com isso as fiz serem revolucionárias, e foram poucos, muitos poucos que sentiram a Terra entrar em Transe.
Mas politicamente falando, enquanto eu sonhava com uma revolução maior que meu ego, percebi que toda a percepção social estavam entre Deus e o Diabo nesta terra de sol, que não bastavam apenas palavras, e sim utilizar-se das Armas do povo, mesmo que para isso houvessem cabeças cortadas, e isso poderia demorar por toda a idade da terra.
Meu olho, minha câmera. Hollywood o lixo desnecessário, é a prisão pelas fórmulas prontas, e se existiu o cinema novo brasileiro foi para nos libertar, para sermos nós mesmos, com toda uma cultura, com toda nossa raça...
Eu criei pra revolucionar.

E se hoje eu estive por aí, teria ficado louco, doente, maluco.
Vê esse mercado industrial doente.
Vê essa música industrial doente.
Vê o cinema nacional se derretendo ao mercado industrial doente.
Eu não estou aí. Mas ainda há quem esteja vivendo no que se passou.
E hoje, o assunto é cinema. Ainda é cinema. Vai ser pra sempre cinema.

Um grito,
Por Paula. Por Glauber.