Eu gosto um pouco das esquisitices das coisas! Ser esquisito talvez seja progressivo!
Quem que nunca sentiu aquele paladar estranho, doce com amargo, azedo ou indefinível? Quem não ouviu um som esquisito? Quem? Ser esquisito é necessário e perspicaz para um bom convívio humano, e por isso a quem acredite nos ET’s, na morada de Elvis na Lua, nas correntes que circulam nos e-mails alheios, nas cintas redutoras de medidas e nos spray para carecas!
Certo dia você pode simplesmente não presenciar algo esquisito, e definitivamente roubar a cena da esquisitice alheia, e vai esquecer dos pudores e das situações embaraçosas, vai se auto-intitular livre e esquecer a opinião dos outros – serás estranho, porém feliz!- e quando menos esperar vai comer banana com casca, pisar na linha das calçadas, roer as unhas dos pés e pedir desculpas quando estiver errado, se intitular homem sensível, vai se adaptar a uma cultura saudável vai ler clássicos para seus filhos e falar de sexo abertamente, vai dançar sozinho na sala quando anoitecer, dar bom dia às carolas da igreja, ceder o lugar do idoso ao idoso, falar menos palavrão diante da tv quando passar um jogo de futebol, abraçar mais os seus pais, tios, amigos, e de acréscimo dizer eu te amo sem ficar constrangido, vai ter paciência nos momentos difíceis, e evitar jogar lixo nas vias publicas, vai brincar com mais freqüência e esquecer o guarda chuva nos dias de temporais, vai comprar presentes sem esperar datas comemorativas, vai prestar mais atenção nos sons, nas cores no ar, vai fazer algo prestativo pelo mundo, condenar abertamente o preconceito, dizer não a tudo que te faça mal, parar de mentir pra si mesmo, fazer arte sem medo de ser julgado, arriscar, perder, ganhar e seguir, se apaixonar e desapaixonar quando necessário, comer tudo com mais vagareza saborear a vida e seus mais nobres gostos!
Por isso, quando você se aceitar esquisito não se espante com os comentários, criticas e afins! Seja esquisito e sorria de volta como retribuição aos seus observadores, críticos e analistas, eles vão ficar confusos e você poderá continuar a pesquisar novas formas de ser feliz, ou esquisitissimo – você escolhe o melhor nome!
“Não te enganes. A vida vai tratar-te mal. Portanto, se quiseres viver tua vida, vai e roube-a.”
quinta-feira, outubro 19
sexta-feira, outubro 6
Click!
Eu continuei encostado onde estava sem nem prestar atenção nas mil vozes que ecoavam de todas as vias, do outro lado da rua a “muvuca” era crescente. De um lado haviam policiais montados em cavalos fortes que mostravam evidências de que se não estivessem com rédeas provavelmente já teriam arqueado suas patas. Tinham os olhos vermelhos. Os opositores, contra-atacavam com pedras e pedaços de madeira gritando justiça. As mulheres com vestidos delicados e algumas com crianças de colo esperavam aflitas dentro das confeitarias. Olhos vermelhos dos homens com pedra na mão.
Comecei a descrever a cena, com cautela para não perder nenhum detalhe. Tirei uma foto de um homem com a cabeça ensangüentada, que acreditei ser o líder daquele majestoso combate. Peguei um cigarro. Segui até a esquina, dei bom dia a uns jornalistas que apreciavam o circo pegando fogo e entrei na redação do jornal. Forneci meu material e sai com dinheiro no bolso e satisfeito. Voltei à rua. Caminhando, abaixei depressa para não ser acertado por uma madeira que passou como uma lança por cima da minha cabeça, desviei de um homem com a cabeça ensangüentada, o mesmo que eu havia fotografado, e dobrei o quarteirão. Quando constatei que os ruídos haviam diminuindo pude finalmente assobiar as músicas que tanto gosto. Parei no café e cumprimentei alguns conhecidos de vista com um aceno e uma piscadela de olho cordial e aproveitei também para flertar com uma moça que estava sentada na bancada da frente. Paguei-lhe um café. Caminhamos até o “muquifo” que a mocinha morava e aproveitei para analisar suas fotografias que estavam sob um móvel muito antigo de madeira rústica e empoeirada.
- Este é meu pai! Está trabalhando neste horário na fábrica e demorará a chegar.– disse ela com uma voz doce e convidativa, mas por enquanto eu só aceitaria um café. Procurei conter um sorriso depois de ver a foto e constatar que o homem da fotografia era o mesmo com a cabeça ensangüentado que eu tinha fotografado e desviado andando pela rua antes daquele encontro tão agradável. Senti o cheiro de rosas que saia de sua pele e fui constatar a maciez da mesma. Foi tudo muito rápido e antes mesmo de me adaptar á situação eu já estava vestindo a roupa. Ela perguntou se eu já partiria e eu sorri, coloquei o chapéu e sai.
Na manhã seguinte o pai da moça era capa do jornal – “Anarquista morre em banho de sangue depois de reivindicação do fechamento da fábrica deixando filha desamparada e com riscos de cair na vida mal falada” – Amigos sorriam de longe e diziam, o quão bom tinha sido o meu furo de reportagem. Eu, com um sorriso maroto, respondi que as minhas fontes eram cultivadas como rosas. Acendi um cigarro e caminhei calmamente com a sensação de que eu tinha nas mãos o poder de dizer, escrever e fotografar o mundo como eu bem quisesse.
Paula Barboni.
Comecei a descrever a cena, com cautela para não perder nenhum detalhe. Tirei uma foto de um homem com a cabeça ensangüentada, que acreditei ser o líder daquele majestoso combate. Peguei um cigarro. Segui até a esquina, dei bom dia a uns jornalistas que apreciavam o circo pegando fogo e entrei na redação do jornal. Forneci meu material e sai com dinheiro no bolso e satisfeito. Voltei à rua. Caminhando, abaixei depressa para não ser acertado por uma madeira que passou como uma lança por cima da minha cabeça, desviei de um homem com a cabeça ensangüentada, o mesmo que eu havia fotografado, e dobrei o quarteirão. Quando constatei que os ruídos haviam diminuindo pude finalmente assobiar as músicas que tanto gosto. Parei no café e cumprimentei alguns conhecidos de vista com um aceno e uma piscadela de olho cordial e aproveitei também para flertar com uma moça que estava sentada na bancada da frente. Paguei-lhe um café. Caminhamos até o “muquifo” que a mocinha morava e aproveitei para analisar suas fotografias que estavam sob um móvel muito antigo de madeira rústica e empoeirada.
- Este é meu pai! Está trabalhando neste horário na fábrica e demorará a chegar.– disse ela com uma voz doce e convidativa, mas por enquanto eu só aceitaria um café. Procurei conter um sorriso depois de ver a foto e constatar que o homem da fotografia era o mesmo com a cabeça ensangüentado que eu tinha fotografado e desviado andando pela rua antes daquele encontro tão agradável. Senti o cheiro de rosas que saia de sua pele e fui constatar a maciez da mesma. Foi tudo muito rápido e antes mesmo de me adaptar á situação eu já estava vestindo a roupa. Ela perguntou se eu já partiria e eu sorri, coloquei o chapéu e sai.
Na manhã seguinte o pai da moça era capa do jornal – “Anarquista morre em banho de sangue depois de reivindicação do fechamento da fábrica deixando filha desamparada e com riscos de cair na vida mal falada” – Amigos sorriam de longe e diziam, o quão bom tinha sido o meu furo de reportagem. Eu, com um sorriso maroto, respondi que as minhas fontes eram cultivadas como rosas. Acendi um cigarro e caminhei calmamente com a sensação de que eu tinha nas mãos o poder de dizer, escrever e fotografar o mundo como eu bem quisesse.
Paula Barboni.
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