segunda-feira, maio 14

"Cada Pedaço Infernal de Mim"



Nas entrelinhas sim, uma ponta de crueldade e otimismo. Da alvura do homem ali está um pouco da avidez comida pelo bicho. Não digo que andarás entre as entrelinhas por toda a tua vida, mas permanecerá pequeno enquanto pessoa sem fundamento. Disse certo dia, um menino andarilho que jamais seria um abandonado urbano e sim um cavaleiro andante. Assim ele morreria, acreditando nas suas mais fabulosas aventuras entre os becos de saídas escuras. São tortas as ruas em que pisam os favelados, e o cheiro de carne que vem de longe desperta aquele conhecido “tuim” nos ouvidos e ajuda a mudar a cor dos objetos mais distantes.
Seria eu a pessoa mais longe da veracidade dos cavaleiros andantes então?
Seria eu humana a tal ponto de me esquivar da moradia dos pobres e talvez a mais miserável em lhes atirar moedas. Faço um ato de melodia acústica na terra e me consideraria abençoada por Deus.
Na minha moradia as moedas por muito tempo eram esquecidas nas quinas nas janelas, e quando as lancei ao mundo me senti uma boa samaritana.
Os cavaleiros de hoje não se apresentam mais com sua vistosa pompa. Os cavaleiros andantes hoje andam atrás de si mesmos. Eu por minha vez, como nobre donzela esqueci o véu e o pai nosso de cada dia, e dos meus pecados quem cuida são os desgraçados. Agora, nessas duras entrelinhas que vão se apagando pouco a pouco, vou me tornando "cada pedaço infernal de mim"¹. Não são eles pobres coitados (...) Posso jurar que não!



Paula Barboni



¹ Frase por Clarice Linspector

4 comentários:

Anônimo disse...

Caralhoooooooo

q lindOoOoooOo!
Complexo, mais lindo!
a muié..tu tem um talento apí, emalgum lugar entre tantas pernas!!!!

FODAAA!
bjo

Anônimo disse...

Kraio...
Porque você não escreve que nem todo mundo???
O que que é ALVURA, AVIDEZ, POMPA???

Até aonde eu lí tava legal...
Depois começou a ficar obscuro!!!

Odeio quando você escreve dificil...hunf...

Beijos e te amo!!!

Anônimo disse...

Bom. Tá certo... miserável somos nós mesmos, pobres, muito pobres, e de espírito, por que nos falta simplicidade, dessa vez, não ignorância, mas o querer tudo o que o raciocínio pode dar, as possibilidades nos tornam palpérrimos.

Anônimo disse...

Aliás, você anda lendo Lia Luft ou Clarisse Linspector?