terça-feira, outubro 23

O Buraco do Espelho Não Está Mais Tão fechado.


Acredite se quiser, mas o cinema nacional tem uma veia alternativa que o torna único e envolvente, distante das grandes produções Hollywoodianas e dos orçamentos extravagantes. A arte pela arte, com a procura da essência envolvendo toda e qualquer ousadia, está é a idéia principal do cinema alternativo, beirando o não convencional e envolvente caso de relatar o sentimento, a realidade e o drama da forma mais particular possível de forma a expandir outras idéias e formas de comunicação.
Não são necessários meses de filmagem, uma fotografia detalhada ou até mesmo efeitos ao caráter de Matrix, por exemplo, na verdade o cinema alternativo surge com o intuito particular de quebrar barreiras antes impostas pelo cinema internacional, principalmente o americano, que trata o desenvolvimento de filmes como um mercado capitalista cada vez mais lucrativo com produções em séries, que nem sempre se preocupam com a qualidade em questão – é tudo uma denominação visual e pouco critica, com a intenção de produzir cada vez mais rápido e com tecnologias avançadas – são as consideradas fórmulas prontas e “alienatórias” do mercado cinematográfico.
De uns anos para cá, é possível se acompanhar um progresso indiscutível em relação ao Brasil no mercado cinematográfico, não só em relação á demanda de filmes produzidos, mas também a uma aceitação maior em relação ao público, isso torna mais acessível o desenvolvimento de novos talentos e uma abertura maior no mercado, que durante muito tempo era centralizado, ou seja, existiam as famosas “panelinhas” fincadas.
Ainda sobre o cinema alternativo, podemos citar como um exemplo perfeitamente cabível o filme O Prisioneiro da Grade de Ferro, onde a forma como foi filmado, a forma de diálogo com a trilha sonora, organização das cenas capturadas (que foram filmadas de acordo com a visão dos prisioneiros que puderam ter uma câmera nas mãos para filmarem um dia no cárcere em que estavam presos), e o entendimento de que nenhuma cena é levada para o caráter ingênuo, pois as filmagens foram desencadeadas de acordo com o sentimento de casa presidiário que participou ativamente do filme e também com a sensibilidade do diretor. Essa estrutura adotada pelo diretor Paulo Sacramento, mostra um novo parâmetro cinematográfico, e uma visão diferenciada em relação ao cinema convencional, com um orçamento inferior ao que se costuma disponibilizar no mercado, mas que resultou em uma obra única e envolvida pelo entendimento visionário de um estilo mais artesanal e sensível, o que resultou em sua premiação no festival Opera Prima de Los Angeles.
Saindo um pouco somente da visão nacional, o cinema alternativo internacional também merece um mérito diante de grandes obras implacáveis como Trainpottinig, Madalene, Laranja mecânica, Corra Lola Corra, entre outros que procuram reunir uma estética diferenciada do convencional se apegando ao surpreendente e ao custo não tão extravagante.
O cinema no Brasil, principalmente no conceito alternativo ainda tem muito que evoluir, principalmente no que diz respeito ao preconceito existente por parte do público que ainda se apega muito ao cinema americano com suas fórmulas já bem aceitas no mercado. É necessário que se mude esse conceito para que haja uma aceitação maior, mesmo porque muitas pessoas não têm a oportunidade de conhecer a essência real que o cinema nacional prega, sendo que seu perfil e sua realidade são apegados a outros quesitos. Cinema é algo que se absorve na educação, na rua, entre amigos e na cultura em geral – diante disso torna-se possível acreditar que o buraco do espelho não permanece fechado, ainda existe a oportunidade de se expor às idéias e as convecções perante a arte cinematográfica e suas mais variadas formas.


Ass. Uma apaixonada por cinema...

4 comentários:

Anônimo disse...

Quando crescer quero escrever assim!

Ass.Leiga do Cinema ...rs

Saudade Gigante

Anônimo disse...

Eu truco! Dá uma boa conversa de bar... tem coisa disfarçada de alternativa que virou comercial. Muita coisa "alternativa" ganha cunho comercial, o comercial não é de todo ruim, as mensagens podem ser passadas de forma que venda (o que eu não acho ruim), pois, se não vender, onde estará o nosso espaço no meio disso tudo... e tenho dito. - rs

Anônimo disse...

Ah, esqueci de te indicar, sobre a indústria cultural: http://www.urutagua.uem.br//04fil_silva.htm

Mas é legal pesquisar mais coisas sobre esse assunto...

Rafael Tomatti disse...

Só há pouco tempo atrás comecei a ver o cinema como uma arte não-vazia.
Confesso que produções Holywoodianas me atraem. Aliás, me atraem bastante. Creio que isso não seja nenhum pecado. Até porque filmes muito "pensativos" me deixam um pouco pra baixo. Gosto da crítica social de "Clube da Luta", gosto de ver como as pessoas são apenas PESSOAS em "21 Gramas", "Babel" e "Amores Brutos", gosta de ver como as pessoas não prestam em "traffic", gosto de ver a inocência infantil lidando com o pura maldade adulta em "O Labirinto de Fauno" gosto da visão econômica pós apocalíptica em "Eu, Robô"...
Enfim, até Holywood tem seu tino, digamos, INDEPENDENTE.


NOTA.: Queria saber abordar assuntos relevantes de maneira um pouco mais contundente... heheheh