Ela era a mais quietinha no canto da gaiola. Eu tinha por volta de 5 anos mais ou menos. Vi os cinco filhotes e uma mãe desnaturada, que machucava a própria cria pra ganhar um dono. Não pensei duas vezes, queria a de patinhas brancas abanando freneticamente o rabo. Por algum motivo meus pais escolheram uma de olhinhos brilhantes, que apanhava dos irmãos e tinha patinhas de cor marrom. No começo reclamei, mas logo em seguida já tinha me apaixonado pela criaturinha minúscula, aliás, tão minúscula que vira e mexe a perdíamos pela casa.
Ficamos a tarde toda debatendo um nome - Como é difícil dar um nome a um bichinho de estimação. Eu encarava isso com tremenda concentração. Tinha de ser um nome que combinasse com ela, que fosse gracioso, feminino e que soasse bem aos ouvidos. Tinha que ser um nome que falasse totalmente por ela, afinal, ela nunca falaria, era uma cadelinha.
Depois de tantos nomes sugeridos, um restou na lista, era Suzy. Curto, simples, feminino e engraçadinho, foi nessa conclusão que todos nós chegamos. A pequena cadelinha, que mais se parecia com um ratinho, se chamaria Suzy. E não qualquer “Suzy”. Preste atenção na escrita - Com “Z” e “Y”! Capricho meu, frescurinha para a minha mais nova amiga.
E que amiga. Me acompanhou em cada momento. Cada nova retomada, cada problema, cada partida... E lá estava ela, quando muitos já não estavam, sempre me olhando nos olhos. O amor mais sincero que se pode sentir.
Amor que era demonstrada até nos sapatos comidos, nas canetas desaparecidas, dos latidos agudos, da teimosia de subir na cama, etc.
Nunca obedecia, praticamente uma porta de tão surda. E surda ficou realmente nos últimos anos.
E hoje, sem perceber, eu coloquei ração na sua tigela.
Ainda não me acostumei com o silêncio quando o caminhão de lixo passa. Nem quando alguém dá aqueles gritos no portão, pra irritar a gente mesmo.
Não assimilei a idéia ainda de que não preciso mais mandar a senhorita descer do sofá, nem que é preciso ver se ainda tem água na vasilha. Nunca imaginei que sentiria tantas saudades.
Você passa 18 anos com aquela coisinha que você pegou tão miúda no colo e não entende porque foi tão rápido.
O mais saudoso é que um dia, não sei bem quando, vão me perguntar?
- você já teve cachorro?
E eu vou sorrir... Pra contar tudo isso de novo.
7 comentários:
Você já teve um cachorro?
Me cotna tudo outra vez, porque eu fiquei com vontade de ter um só pra mim.
saudade.
Poxa...
Que bonito texto...
Esse eu lí inteiro...
Triste pela despedida e alegre pela lembrança e sentimento...
Vamos todos sentir saudades dela...
Ela deve estar em algum sofá em algum lugar sei lá onde...
Mas com certeza está feliz e esperando que alguém peça para ela descer...
Beijos...te amo...
Cachorros e sofás. Eles se amam, acho q em qualquer lugar. ja nem peço mais pra minha descer. ela praticamente mora no sofá!
hehehehe
bjo menina do desenho da japonesa!
fala a verdade, vc nem desconfiava q ia gostar tanto assim de japones né? :P
Eu já tive três cachorros e hoje já não tenho mais vontade de ter não. Justamente por esse detalhe do só. Bjus e bom final de semana.
Leia-se sofá rsrsrs
Eu sinto TANTO.
A Suzy lhe acompanhou até vc crescer. E eu aposto um braço como ela esperou pra partir só qndo vc estivesse preparada pra tranformar a dor em arte.
E vc estava =D
te amo, Paula. E a saudade que ficou...essa sim é BELA.
Um beijo grande.Um abraço apertado.
E um afago na cabeça!
Oi pequena Susy!!!
Tão bom receber uma visita.
Mesmo canina.
Saudades da porra.
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